A MACONHA COMO MEDICAMENTO - MARCO AURÉLIO SATHLER
O canabidiol (CBD) é, das centenas de substâncias encontradas na Cannabis sativa, planta vulgarmente conhecida como maconha, uma das mais concentradas nos extratos. O canabidiol não produz a euforia causada pelo outro princípio da planta, o tetrahidrocanabinol (THC), este responsável pela fama da planta e sua consequente proibição para cultivo, comercialização e consumo.
Ambas as substâncias agem no Sistema Nervoso Central, ligando-se a receptores específicos CB1 e no sistema imunológico aos CB2.
Pesquisas em modelos animais e cultura de células mostraram que o canabidiol tem efeitos anticonvulsivantes quando usados em casos de epilepsia resistente a outros medicamentos. Estudos clínicos rigorosos em humanos ainda não foram realizados.
O canabidiol tem mostrado efeito protetor neuronal em doenças neurodegenerativas como o Mal de Alzheimer, esclerose múltipla, doença de Parkinson, acidente vascular cerebral e neuropatia alcoólica.

Já está confirmado que o uso recreativo de Cannabis por jovens com predisposição genética para distúrbios psicóticos pode precipitar surto psicótico, assim como a esquizofrenia. Todavia, estudos recentes mostraram que o uso de canabidiol pode ter efeito antipsicótico na esquizofrenia.
A ansiedade e o estresse pós-traumático também foram bem tratados com o uso de canabidiol. Ele também foi efetivo no tratamento substitutivo de dependência química por opioides, como morfina e heroína.
A legislação brasileira já permite o uso terapêutico do canabidiol. Têm sido realizados fóruns regulares sobre o uso da maconha, suas causas, consequências e prevenção.
Desde 2017, a comercialização do óleo de canabidiol puro ou associado a baixíssima concentração de THC tem sido permitida. Para isto é necessário que se faça o cadastro junto à Vigilância Sanitária do profissional médico prescritor e do paciente, apresentando a justificativa para o emprego da droga e o fracasso das terapias existentes no país.
Como a maconha não pode ser plantada, beneficiada e comercializada legalmente no Brasil, os óleos são importados dos Estados Unidos onde, em alguns estados, são liberados a produção e o consumo medicinal e recreativo.
É de suma importância ressaltar que quase todos os estudos realizados até aqui com os canabinóides são feitos em animais e cultura de células. São necessários ensaios clínicos rigorosos para melhorar as evidências clínicas sobre os reais efeitos benéficos do uso dos canabinóides em humanos.
Anestesiologista, clínico de dor
Tel: (31) 3283 8909 - 3330 3126
marcoaureliosathler@gmail.com