MOVIMENTO MACHÃO MINEIRO - Luiz Mário Jacaré


O Jornal da BHCOOP entrevistou LUIZ MÁRIO JACARÉ LADEIRA, fundador e presidente de honra do MOVIMENTO MACHÃO MINEIRO (MMM), engenheiro civil formado pela UFMG, conselheiro benemérito do Clube Atlético Mineiro, clube no qual ocupou o cargo de primeiro vice-presidente por dois mandatos. É um dos organizadores do bloco carnavalesco mais antigo de Belo Horizonte, a "Banda Mole", do qual foi presidente por quatro mandatos (hoje é vice-presidente), bloco repleto de LGBT para, segundo ele, fazer contraponto ao MMM. Pai de três filhos e avô de quatro netos, é casado com a mesma mulher, Magda, há 46 anos, a qual mantém as características de “submissibilidade” para que o casamento continue dando certo, conforme declarou ao jornal da BHCOOP. Divirtam-se com a entrevista.
Como e quando surgiu o MMM?
Jacaré - Na década de 70, o movimento feminista surgiu forte, acompanhado de forte apologia ao homossexualismo que, até então, era assunto guardado a sete chaves.
A princípio, a gente não dava a mínima para essas incipientes manifestações.
Mas, com o passar do tempo, o crescimento e o recrudescimento desses movimentos começou a nos preocupar. Parecia-nos que o heterossexual se tornaria pária da sociedade, abominável retrógrado paleontológico que já havia morrido e que esqueceram de enterrar. E mais. Parecia que, ao revelar para alguém a opção pela heterossexualidade, teríamos que o fazer com a mão em frente à boca, para evitar sermos expostos à execração pública caso algum vigia de plantão dos movimentos antagônicos fizesse leitura labial.
Teríamos, futuramente, até que nos organizar secretamente para pedir ao STF a criminalização da heterofobia.
Assim foi criado o Movimento Machão Mineiro (MMM), com a finalidade de garantir ao heterossexual o direito de opção. Nada melhor do que a sátira e a ironia, que nortearam a criação do MMM, para firmar a posição do heterossexual na sociedade.
Qual a repercussão na época?
Jacaré - A repercussão foi tão grande que lançamos um pequeno livro de bolso, o “Centifólio do Machão”. Lançamos um CD com doze músicas do gênero, o “Serpente de Eva”, por considerarmos, após consultas aos teólogos do Movimento, que a Serpente, com seus maléficos conselhos à mãe Eva, foi a precursora do nefasto movimento feminista.
Como o MMM obteve projeção nacional?
Jacaré - Os movimentos antagônicos, com sua miopia mental e com grande ira, não entenderam a brincadeira, radicalizaram e fizeram por dar ao MMM enorme visibilidade.
Inesperadamente, fui convidado a dar entrevistas para jornais, revistas e programas de rádio e TV. Passei, confesso que com enorme constrangimento, a ser figura pública, amado por poucos e odiado pela maioria.
Houve algum fato especial que exemplifique a projeção do MMM?
Jacaré – Sim. Fui convidado pelo SOCOR, a PUC Minas e a Sociedade Brasileira de Urologia para ser o garoto-propaganda da campanha de prevenção do câncer de próstata.   Cartazes e outdoors, com meu retrato e mensagem sobre a necessidade  do  exame  de  próstata,   foram espalhados por todo o Estado. O único problema foi decidir qual a melhor expressão do meu rosto no retrato. A diretoria do MMM ponderou que a cara feliz na foto poderia ser interpretada como “ele gostou do toque”, o que desmoralizaria o MMM. Se a cara fosse feia, poderiam pensar: “O negócio dói mesmo!”, o que afugentaria os homens do exame.  Depois  de  muitos  ensaios fotográficos, consegui um sorriso neutro, a “la Mona Lisa”, e as peças foram distribuídas.

Cartaz da campanha de prevenção ao câncer de próstata de 1989, tendo Luiz Mário Jacaré, presidente do MMM, como garoto-propaganda. Atenção para a  expressão neutra de seu sorriso.


O MMM agraciou homens com o título “machão do ano”. Que fatos motivaram a escolha do “machão do ano”?
Jacaré - Com o “sucesso” do Movimento,  surgiu a ideia de laurearmos alguém, que fizesse um “ato macho” para valer, com o título de “Machão do Ano”. O fato deveria ser engraçado, sem nenhum resquício de violência, mau gosto ou grosseria.
Cite laureados com o título “Machão do ano”.
Jacaré – O Ministro Bernardo Cabral levou a Ministra Zélia Cardoso (governo Collor) para Paris, hospedaram-se em uma pensão de segunda para fugir dos holofotes e, para se livrar dela, que estava ficando pegajosa, deu o famoso “golpe do dentista”. O “golpe do dentista” é aquele que o cara fala que vai ao dentista (no caso, o dentista dele era no Rio de Janeiro), mas que voltaria logo. Com o raciocínio rápido, depois de uma semana a Zélia desconfiou que estava só e resolveu voltar para o Brasil. O mérito maior dele, que o tornou merecedor do título, foi o emprego do “golpe do dentista” e não por haver deixado a Zélia em Paris. 
Neste primeiro “Machão do Ano”, méritos para Carlos Imperial, que colocou a notícia na imprensa e abriu a casa dele para a entrega do troféu. Até o Clóvis Bornay,  representando o movimento LGTB, compareceu. Bernardo Cabral não compareceu; enviou telegrama agradecendo a honraria (não havia email na época).
Outros machões foram agraciados: Itamar Franco, posando com Lílian Ramos (os mais velhos se lembrarão de como  ela estava trajada)  no camarote do carnaval carioca. O ápice ocorreu com Bill Clinton, escolhido “machão do ano” em razão do affair com a estagiária Monica Lewinski na Casa Branca. Por conta desta escolha, gravei matéria para o “Sixty Minutes”. O embaixador americano no Brasil telefonou apara o Movimento dizendo que brincou com o presidente americano a respeito e que Clinton “morreu de rir” e agradeceu a força.
O movimento anda apagado ultimamente.
Jacaré - O MMM está de recesso. Observa os fatos e, se necessário, intervirá no  momento certo.
No cenário atual, há personagens que merecem ser indicados para “machão do ano”?
Jacaré - Com o advento das redes sociais, tornou-se hábito a briga virtual. Um chama a mãe do outro de “perereca”. O outro responde que “perereca” é a mãe dele, tudo de forma virtual; não há confronto pessoal.  Ninguém merece o título. Briga virtual não embasa o troféu; é coisa de veado (sem homofobia; apenas força do hábito).
Mensagem final para os machões mineiros.
Jacaré – Os heterossexuais estamos em extinção. Aguentem firmes! Tomem rivotril quando virem o retrato de dois bigodudos, com ternos brancos, casando no Copacabana Palace, com festa de arromba. Continuem amando as mulheres, a melhor invenção de Deus.
Mensagem final para as mulheres.
Jacaré - Deus criou a mulher para domar os homens,  pois a mulher põe no mundo toda a doçura.






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